Neste bosque ainda trabalhamos nossa Arte como nos velhos tempos e entre os muitos símbolos de nossa fé está o Stang, que é uma das ferramentas da bruxa por excelência. Nele os vários mistérios do folclore da Velha Arte e a visão sagrada da Naturaleza se ocultam. Basicamente, o Stang é uma vara de madeira bifurcada, terminando dois pontos, que também pode ser uma varinha menor e mais fácil transporte. Ele tanto pode servir como um altar em si, representando a Árvore do Mundo ou como uma ferramenta poderosa de voo enquanto viajamos no Outro Lado.*
Nos tempos antigos, homens e mulheres que viviam em contato com a floresta observaram os prados e a natureza, e de suas observações e relações com a terra que habitavam, lhes surgiu uma sapiência sobre a relação entre os poderes naturais inatos da terra e os dos seres que ali habitavam. Um exemplo deste conhecimento é encontrado hoje em dia no que se diz sobre os animais de poder, vistos como portadores de conhecimento arcano*, mas especialmente os animais de chifre demonstraram ser portadores dos segredos que adivinham da abóbada celeste diretamente para a Mãe Terra. O Stang, tal como um par de chifres, representava em si Vida e Morte, Ignorância e Conhecimento, Luz e Escuridão, Mestre e Dama, e quando uma vela no meio do forcado, então a luz da Sabedoria é erigida, o fogo astuto* é revelado.
Em nossa Arte o Stang é a presença viva de Nosso Senhor Chifrudo em sua forma bestial, animalesca e zoomórfica. Ele é o Senhor da Floresta e dos seres que ali habitam, através dos quais pode se manifestar. Quando duas flechas são cruzadas no Stang, nos lembramos de quando ainda caçávamos para sobreviver. Como Senhor do mundo Selvagem, ele rege desde o crescer das árvores até o movimento dos animais, o correr dos riachos e rios pelas das pedras, a queda da folha ou da árvore – tudo é guiado se não unicamente por sua vontade, que é indomável, ilimitada e livre.
Paralelamente, como Árvore do Mundo, o Stang é usado como uma ‘escada’ ou ‘portal’ para caminharmos pelo mundo das sombras e assim realizarmos nossos feitios. Ele é análogo a nossa espinha dorsal, ao passo que nossos olhos são as bifurcações de nosso próprio Stang interior. Onde quer que finquemos nosso Stang, ali é o centro mundo, é onde tudo começa ou acaba, é onde erigimos nossa encruzilhada entre os mundos.*
Quatro caminhos partem, quatro caminhos chegam, de Leste a Oeste, o Iluminador e o Obscurecedor tem seu reino junto com suas consortes, ao passo que a Norte e Sul, Ar e Terra se opõem de igual forma, todos se reúnem ao redor do centro ao longo das estradas de poder. No meio dela está o Chifrudo, o Bruxo Pai de nossa Congregação. O Stang, com seus galhos em formato de chifres, é um símbolo do próprio primeiro bruxo e agricultor a portar a semente dos anjos, e de todos os mistérios masculinos.
*Arcano: aquilo que é oculto, secreto, aquilo que é mistério…
*Encruzilhadas: leia o artigo “A Encruzilhada das Bruxas”.